O Dirigente Comunista se Forja Todos os Dias
Diógenes Arruda
Outubro de 1979
Movimento de Lutas Populares
- MLP
Primeira edição: A Classe Operária, outubro de
1979.
Hoje, já não está conosco,
contagiando-nos com seu entusiasmo com seu humor e ironia, com seu otimismo
revolucionário, o nosso querido camarada Maurício Grabois. Se vivo estivesse, comemoraríamos, talvez
juntos, seu 66° aniversário, no dia 02 de outubro, e seus 46 anos de militância
ininterrupta e conseqüente nas fileiras de nosso Partido, de seu Partido, sob a
bandeira do qual lutou com abnegação sem limites e a toda a prova.
O camarada Maurício Grabois ingressou no Partido Comunista do Brasil
antes de completar 20 anos, em 1932 quando aluno da Escola Militar. Desde
então, dedicou a sua vida por inteiro à atividade partidária. Na Escola Militar
e depois como simples soldado foi um dos primeiros organizadores do Partido nas
Forças Armadas. Tomou parte ativa nas jornadas do ano de 1934 contra o
fascismo. Trabalhou infatigavelmente, ao longo de 1935, na criação e no
fortalecimento do grande movimento revolucionário antiimperialista,
antilatifundiário e antifascista da Aliança Nacional Libertadora, sendo, já então, dirigente
regional do Partido. Naquela época e posteriormente, sempre defendeu a gloriosa
insurreição popular de novembro de1935.
Nos dez anos de ditadura de Vargas,
nos quais, nós, os comunistas, enfrentamos uma selvagem repressão policial,
desenvolveu incansavelmente, atuação das mais relevantes. Preso no início de
1941, comportou-se com a dignidade de verdadeiro comunista, honrando esta nossa
legenda heróica: PRIMEIRO O PARTIDO, DEPOIS TUA VIDA, SE POSSÍVEL. Já em julho
de 1942, imediatamente ao sair da prisão, ocupou seu posto de combate,
integrando o Secretariado Nacional Provisório do Partido, o qual teve como
tarefa principal rearticular nacionalmente o Partido e realizar uma Conferência
Nacional, sendo esta efetuada com pleno êxito em agosto de 1943, na Serra da Mantiqueira,
onde foi eleito membro do Comitê Central, da Comissão Executiva e do
Secretariado do Comitê Central. Deputado comunista nas eleições de dezembro de
1945, foi líder da bancada do Partido na Câmara dos Deputados de 1946 a janeiro de 1948,
quando a reação caçou os mandatos comunistas, desenvolvendo uma atividade
parlamentar e extra-parlamentar de real destaque, revolucionária, no estilo
leninista.
Trabalhou ativamente como um
dos relatores do Programa do Partido e também como um dos organizadores dos seu
IV, em novembro de 1954, no qual foi reeleito para o Comitê Central, a Comissão
Executiva e o Secretariado do Comitê Central. Diante do Surto revisionista Kruschoviano,
durante os anos de 1956 a
1960, manteve firme a posição de defesa do marxismo-leninismo e do Partido e de
luta contra as furiosas investidas de Prestes e sua camarilha de renegados,
ocupando, neste combate, lugar proeminente. Considerável foi sua atividade,
tanto político-ideológica como prática, no trabalho de reorganização marxista-leninista
do Partido de 1961 a
1962, contribuindo de forma destacada, juntamente com o camarada Amazonas, para
o esclarecimento de importantes problemas da revolução brasileira e na
elaboração do Programa do Partido, aprovado na Conferência Nacional Extraordinária
de fevereiro de 1962. Valiosa foi também sua contribuição na elaboração da
tática revolucionária do Partido, aprovada na VI Conferência Nacional de junho
de 1966, o mesmo acontecendo em relação a outros documentos básicos do Partido,
como os Estatutos, Guerra Popular – Caminho da Luta Armada no Brasil, políticas
e métodos de revolucionarização do Partido, 50 Anos de Lutas do PC do Brasil e
seus principais ensinamentos, Problemas Ideológicos da Revolução na América
Latina.
Desde a Revolução Cultural, na
China, onde esteve por duas vezes, fazia sérios reparos ao que considerava
erros de princípios nesse movimento e, a parir de 1970, criticava energicamente
os desvios do PC da China, em particular, a aliança com os Estados Unidos. O
nome de Maurício Grabois está ligado estreitamente ao órgão central do
Partido Comunista do Brasil, A CLASSE OPERÁRIA, do qual foi diretor por um
longo período.
O camarada Maurício Grabois sempre esteve na primeira linha de combate em
todos os anos de lutas acirradas contra o revisionismo contemporâneo e pela
consolidação das fileiras partidárias. Junto com o camarada Amazonas e ao lado dos camaradas Ângelo Arroio e Paulo Rodrigues, deu o melhor de sua
capacidade e de suas energias revolucionárias na preparação da luta e na
resistência armada do Araguaia. Ali esteve desde os primeiros momentos, ali
conviveu com as massas exploradas e oprimidas e sentiu a sua grande revolta ali
atuou abnegadamente ombro a ombro com todos os camaradas, ali colaborou na
elaboração de valiosos documentos políticos e militares, ali comandou as Forças
Guerrilheiras do Araguaia, ali tombou como um bravo. Caiu com glória, caiu de
arma na mão naquele campo de batalha da luta de classes, no Araguaia – ponto
alto de referência da luta revolucionária e libertadora de nosso povo.
Maurício Grabois – Abel,
Mário, Freitas, Chico, Velho, mil nomes num só dirigente comunista exemplar,
num só camarada e amigo, de dedicação e solicitude a toda a prova, honrado,
leal, altivo, valoroso. O Partido foi a razão primeira de sua vida. É sob a
direção de líderes como foi o camarada Maurício Grabois, com seu talento e seu imenso coração, com
suas convicções marxista-leninista e seus sentimentos revolucionários
proletários, que a nossa classe operária e o nosso povo, guiados por nosso
Partido, serão vitoriosos na luta pela libertação nacional e social, pelo
socialismo e pelo comunismo.
Inteligência brilhante,
propagandista de idéias lúcidas, agitador apaixonado, polemista por excelência,
tático de rara sensibilidade, homem de Partido, arguto e ágil no pensar e no
agir. Maurício foi um comunista de verdade. Incansável infundido confiança,
jamais se dobrou às dificuldades, nunca temeu sacrifícios e riscos nem pensou
em si mesmo ou em comodidades – tal a constante de sua vida generosa.
O dirigente comunista se forja
todos os dias e amadurece a cada prova que lhe oferece a vida partidária.
Quanto mais duros os embates e mais difíceis as provas por que passa, mais
experimentado, corajoso e imbatível se torna. Na ação e só da ação
revolucionária a serviço do proletariado e do Partido, no fragor das batalhas
reunidas da luta de classes se forma e se tempera o comunista. É uma luta que
se pode comparar a do bom forjador que sabe que o ouro quanto mais se purifica
quanto mais forte e mais longa for a prova do fogo. A lúcida consciência de
realizar em qualquer circunstância seu dever de soldado do Partido, de dar tudo
pelo Partido, inclusive a própria vida, suas profundas convicções políticas e
ideológicas, seu valor moral ao longo de anos e anos de fiel cumprimento das
responsabilidades partidárias e do estudo do marxismo-leninismo, sua vontade
inabalável de revolucionário proletário, forjaram no camarada Maurício Grabois um dos mais belos e íntegros caracteres de
comunista que registra a história de lutas de nosso Partido.
Sua conduta, sua ação, sua
vida de lutador indomável refletem as melhores tradições revolucionárias do Partido
da classe operária, o PC do Brasil. Deixou-nos, como exemplo a seguir, o
heróico espírito do Araguaia, que encarna a combatividade revolucionária do
nosso Partido.
Fraternal com seus camaradas,
fossem eles dirigentes ou simples militantes, amigo leal de seus leais amigos,
irreconciliável inimigo dos inimigos do Partido, dos traidores do
marxismo-leninismo, da revolução, do socialismo e do comunismo, ele mostrou,
com sua vida, que o dever e a honra de um comunista, manifestados no dia-a-dia
da luta de classes, adquirem a estrutura de mandamento e passam a ser exemplo
que ficam para sempre, sem a marca do tempo. Sua atividade edificante de
dirigente do Partido não se apagará jamais em nosso espírito de comunistas,
viverá para sempre no coração generoso dos operários, camponeses e estudantes
brasileiros. Seu nome está na galeria dos grandes heróis de nosso povo junto
aos de muitos outros comunistas e revolucionários desprendidos e conseqüentes.
Sua existência será fonte de
inspiração constante a nos incitar a sermos ilimitadamente fiéis aos nobres e
belos ideais comunistas, pelos quais lutou de corpo e alma a vida inteira. Por
seu exemplo, o camarada Grabois mostrou que os ideais comunistas não são metais que se
fundem. Ao defender intransigentemente as tradições heróicas de nosso Partido,
levou adiante a causa da classe operária do marxismo-leninismo e do
internacionalismo proletário.
O verdadeiro heroísmo
proletário, em verdade, só emerge com força e se impõe em toda a sua plenitude
quando se ergue a gloriosa bandeira vermelha do Partido Comunista. Levantemos
sempre mais alto a bandeira de combate do camarada Maurício Grabois, que nunca foi outra senão a do PC do Brasil,
exemplo vivo de vanguarda marxista-leninista da causa operária, guia e
esperança do povo brasileiro. E sob esta gloriosa bandeira, avancemos ainda
mais confiantes para novos combates, afim de conquistarmos maiores vitórias.
Com os punhos cerrados e em
silêncio, lembremos o nome do camarada Maurício Grabois, comandante das heróicas Forças Guerrilheiras
do Araguaia. Em sua honra juremos lutar com maior força e a vida inteira pela
sua causa, pela causa invencível do marxismo-leninismo e do Partido Comunista
do Brasil.
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(1912-1973):
Foi um dos mais destacados marxistas-leninistas brasileiros. Ingressou no
Partido Comunista do Brasil - PCB em 1932. Tomou parte ativa nas jornadas de
1934 contra o fascismo e, 1935, no movimento revolucionário antiimperialista,
antilatifundiário e antifascista que resultou na formação da Aliança Nacional Libertadora. Foi preso em 1941 e, um ano
depois logo ao sair da prisão, integrou o Secretariado Nacional Provisório do
Partido, no qual teve como tarefa rearticular nacionalmente o Partido e
realizar a Conferência da Mantiqueira em agosto
de 1943, quando foi eleito membro do Comitê Central, na Comissão Executiva e do
Secretariado do Comitê Central. Deputado eleito em dezembro de 1945, liderou a
bancada comunista no Congresso Nacional até janeiro de 1948, quando os mandatos
comunistas foram caçados. Resistiu em companhia de João Amazonas e outros companheiros ao
surto revisionista de 1956 a
1960, sendo um dos principais rearticuladores do Partido Comunista do Brasil -
PC do B, em fevereiro de 1962. Durante muito tempo, dirigiu o órgão partidário
"A Classe Operária"e empenhou o melhor de suas energias
revolucionárias na preparação da luta e na resistência armada do Araguaia. Ali
comandou as Forças Guerrilheiras e foi assassinado pela repressão.
Fonte:
Site - marxistorg.com
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